Futebol completa 150 anos


 
O futebol em seus primórdios: o gol ainda ainda não tinha travessão, mas uma fita amarrada entre as traves


Na noite fria de 26 de outubro de 1863, uma segunda-feira, um grupo de britânicos reunidos em um bar da capital inglesa decidiu, entre goles de cerveja e uísque, chegar a um consenso para oficializar a prática de um esporte.

A ideia era que a novidade fosse uma mistura de movimentos de corpo e dribles com o objetivo de conseguir que a bola ultrapassasse a linha que separava duas balizas. Haveria limites para o uso das mãos, numa forma de se distanciar dos que queriam algo mais próximo do que é hoje o rugby.
O futebol, que neste sábado completa 150 anos, conquistou o planeta, revelou craques, grandes times, seleções, belas partidas e gols inesquecíveis!

MOMENTOS MARCANTES
Em 150, o futebol proporcionou ao mundo alguns momentos marcantes, e não se trata apenas de gols e partidas históricas. Fazem parte da mística do velho esporte bretão o primeiro jogo entre seleções na história em 30 de novembro de 1872, entre Inglaterra e Escócia e a criação da Copa do Mundo, disputada pela primeira vez em 1930, além, é claro, de derrotas, vitórias, superações, tragédias...
GRANDES TIMES

De vez em quando, grandes jogadores se unem em um só time por alguns anos. Normalmente liderados por um craque, o time cresce, cada atleta atinge o seu melhor e nasce uma equipe que faz história.Foi assim com o Santos de Pelé, e é esse também o caso do Barcelona tiki-taka que vem ganhando quase tudo desde 2009. Confira alguns times que fizeram história.
Santos - anos 60
Liderado pelo maior da história, foi bicampeão sul-americano e mundial.
Real Madrid - anos 50/60
Contando com Di Stéfano e Puskas, conquistou seis títulos europeus.
Ajax - anos 70
Na época de Cruyff, revolucionou a modalidade ao criar o Futebol Total e foi base da Holanda vice-campeã em 74.
Flamengo anos 70/80
Com Zico em grande fase, conquistou sete Cariocas, quatro Brasileiros a Libertadores e o Mundial de 1981.
Milan - anos 80/90
Futebol ofensivo e campeão europeu com Van Basten e o técnico Arrigo Sacchi.
Barcelona - anos 2000
A partir de 2009, o Barça de Messi conquistou 16 títulos em 22 disputados.
GRANDES CRAQUES
São muitos os jogadores que fizeram história no futebol. Tantos, que qualquer lista, com os 10, 50 ou 100 melhores de todos os tempos, sempre é injusta, deixando alguns de fora. No entanto, certos craques não deixam margem para dúvida, principalmente aqueles que colecionam troféus e que, rodeados ou não de jogadores à altura, lideraram seus times a feitos e conquistas históricas.
Pelé
É o melhor da história. Com a Seleção, venceu três Copas, além de dois Mundiais e duas Libertadores com o Santos.
Maradona
Costuma vir em segundo lugar. Levou a Argentina nas costas no título de 1986.
Cruyff
Nunca ganhou uma Copa, mas fez história na Holanda, no Ajax e no Barcelona.
Beckenbauer
Capitão da Mannschaft campeã em 1974.
Zidane
Superou Platini como o melhor jogador francês ao liderar a conquista de 1998.
Garrincha
Ganhou, quase que sozinho, a Copa de 62
Messi
Já entrou no rol dos melhores da história.
GRANDES SELEÇÕES
Nem todas as melhores seleções que já existiram levaram para casa uma Copa do Mundo. O futebol muitas vezes é injusto, e o Brasil de Zico, Sócrates e Falcão, por exemplo, voltou da Espanha, em 1982, de mãos vazias. No entanto, entre as campeãs mundiais, é impossível não destacar o combinado brasileiro que fez história no México, em 1970, é considerado por muitos o melhor que já existiu.
Brasil 1970
Levou o tri no México com craques como Pelé, Tostão, Gérson, Rivellino, Jairzinho, Carlos Alberto Torres etc.
Hungria 1954
A equipe comandada por Puskas ficou 29 partidas invictas, mas perdeu a final da Copa de 54 para a Alemanha.
Holanda 1974
Inventora do Futebol Total, é outra vice-campeã que merecia o título, mas caiu para a Alemanha, desta vez anfitriã.
Alemanha 1974
Não encantou tanto quanto a Laranja Mecânica, mas contava com Gerd Müller, Beckenbauer, Breitner e outros.
Espanha 2008-2012
Com craques do Barcelona e do Real Madrid como base, ganhou duas Euros e a primeira Copa da Espanha.
ARTILHEIROS
Futebol é feito de gols. E por mais importante que sejam goleiros, zagueiros, laterais, volantes e meias, os atacantes acabam levando boa parte da glória e do reconhecimento. Principalmente aqueles que entraram na História pela quantidade e pela beleza dos gols marcados. Ronaldo é o maior artilheiro das Copas, mas pode ser ultrapassado em 2014 pelo alemão Klose.
Pelé
Marcou 1.282 gols, com média de 0,94 por partida. Na Seleção Brasileira, são 95 tentos em 115 jogos.
Ronaldo
É o artilheiro das Copas, com 15 gols nos Mundiais de 98, 2002 e 2006.
Gerd Müller
Marcou 14 gols em Copas, tendo sido superado por Ronaldo em 2006.
Just Fontaine
O francês balançou a rede 13 vezes apenas na Copa de 1958.
Messi
Aos 26 anos de idade, já soma 362 tentos. Fez o número recorde de 91 gols em 2012.
Friedenreich
Primeiro craque brasileiro, teria feito incríveis 1.329, o que faria dele o maior artilheiro de todos os tempos.
CLÁSSICOS
O que seria do Flamengo sem o Fluminense? Ou vice-versa! E da Inter sem o Milan, ou do Real Madrid sem o Barcelona? Essa rivalidade, estampada nos principais jornais e sites do mundo toda semana, é que mexe com a paixão do torcedor. Há grandes clássicos pelo mundo, envolvem questões até religiosas, como Celtic x Rangers. São históricos, com duelos entre times do mesmo bairro, cidade e país.
Brasil
Grêmio x Internacional, Flamengo x Vasco, Atlético-MG x Cruzeiro, Corinthians x Palmeiras, entre outros.
Espanha
Real Madrid x Barcelona
Itália
Internazionale x Milan, Roma x Lazio
Turquia
Galatasaray x Fenerbahce
Reino Unido
Celtic x Rangers, Manchester United x Liverpool
Uruguai
Nacional x Peñarol
Argentina
River Plate x Boca Juniors, Independiente x Racing
COPA DO MUNDO
Todo jogador deixa claro que o maior objetivo na carreira é conquistar a sonhada Copa do Mundo. E o grupo dos vencedores é bem seleto, pois apenas oito países levantaram a taça na História. O Brasil, conhecido com o país do futebol, é o maior vencedor: cinco vezes. O último Mundial, organizado pela África do Sul, foi marcado pela conquista inédita da Espanha. Outras potências fizeram bonito!
Brasil
Cinco conquistas: 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002.
Itália:
Quatro canecos: 1934, 1938, 1982 e 2006.
Alemanha:
Três troféus: 1954, 1974 e 1990.
Argentina:
Duas conquistas: 1978 e 1986.
Uruguai:
Dois canecos: 1930 e 1950 (Copa organizada no Brasil).
França:
Um título: 1998.
Inglaterra:
Uma conquista: 1966.
Espanha:
Última campeã: 2010.
E MAIS: 
FUTEBOL E POLÍTICA - 150 ANOS DE HISTÓRIAS
A trégua de Natal
Véspera de Natal de 1914. A Europa estava em plena Primeira Guerra Mundial, mas soldados alemães e britânicos organizaram um cessar-fogo não oficial ao longo de toda a frente ocidental. O início da "Trégua de Natal" foi na região de Ypres, na Bélgica, onde as tropas adversárias decoraram as trincheiras, trocaram presentes e jogaram uma partida de futebol.
A partida da morte
O FC Start é provavelmente o maior símbolo esportivo de resistência ao nazismo. Mesmo ciente das consequências, o time (de branco) se recusou a fazer a saudação nazista e ousou vencer - pela segunda vez - a Flakelf, equipe da Força Aérea alemã, no dia 9 de agosto de 1942. Pouco tempo depois, os jogadores foram levados para campos de concentração. A grande maioria morreu sob tortura.
  "El Clásico"
Assim como o ditador Benito Mussolini sentenciou o "Vencer ou Morrer" para a seleção italiana na Copa de 1938, o general Franco também usou o futebol para enaltecer a Espanha que dirigia. E, em oposição aos catalães, ele usou o Real Madrid como ferramenta propagandista nos anos 50 e 60, originando uma das maiores rivalidades do futebol mundial.
A Guerra das Cem Horas
O futebol é uma atividade de confraternização, mas em 1969 os jogos pelas Eliminatórias entre El Salvador e Honduras transbordaram na "Guerra das Cem Horas". Obviamente as razões do conflito foram de ordem econômica e política, mas a animosidade nos jogos foi o estopim para quatro dias sangrentos com seis mil mortos. No jogo decisivo, em campo neutro, El Salvador venceu e foi à Copa de 70.


A guerra parou para ver Pelé
Em excursão pela África em 1969, o Santos parou a Guerra de Biafra, na Nigéria. O governador da região nigeriana inclusive autorizou a liberação da ponte que ligava a cidade de Benin - local do jogo - e Sapele, para que todos pudessem ver o Rei Pelé (na foto com Eusébio). Assim que o Santos subiu no avião, a guerra recomeçou.
Final de Copa perto de centro de tortura
Quando o general Jorge Videla assumiu o poder e instalou uma violenta ditadura militar, a Argentina já estava definida como anfitriã da Copa de 78. Houve diversas ameaças de boicote e protestos. Paul Breitner, campeão de 74, se recusou a ir à Argentina, e a seleção holandesa, vice-campeã, protagonizou um último gesto de repúdio ao governo militar, dando as costas a Videla
 
Winnie Mandela Futebol Clube
Durante o Apartheid, o futebol era um dos principais catalisadores na luta contra a segregação racial na África do Sul. Naquele período, o clube Winnie Mandela FC (nome da mulher de Nelson Mandela) servia como refúgio para líderes políticos e sindicais perseguidos pelo regime. Com o fim do Apartheid, em 1994, a seleção sul-africana se tornou um poderoso fator de coesão nacional.
Os eleitos de Alá contra o Grande Satã
Na Copa de 98, dois países de relação politicamente marcada pela animosidade se enfrentaram sob suspense em Lyon: Estados Unidos e Irã. Com a pregação antiamericana, os aiatolás tentaram capitalizar o confronto e o trataram como o duelo entre os "eleitos de Alá" e o "Grande Satã". Antes do jogo, porém, iranianos entregaram flores e posaram abraçados com os jogadores dos EUA.
Afeganistão recupera identidade na bola
Devido à invasão russa, a guerras civis e ao regime talibã, o futebol deixou de ser praticado no Afeganistão entre 1984 e 2002. A primeira partida oficial em território afegão ocorreu apenas no dia 20 de agosto de 2013. Três semanas depois, os afegãos conquistaram seu primeiro título internacional, a Copa da Federação do Sul da Ásia, recuperando um pouco de sua identidade.
Futebol como unificador de povos
Com o colapso da Iugoslávia, cresceram as tensões étnicas na região - que o futebol, mesmo que por um instante, conseguiu apaziguar. Com a inédita classificação da Bósnia para a Copa de 2014, sérvios, croatas e muçulmanos foram às ruas festejar. Unidos.
Lancepress| Terra | DR.com - Autoria: Philip Verminnen | Edição: Rafael Plaisant

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